Como a descarbonização vai mudar o futuro da indústria?
Importante papel no desenvolvimento econômico do Brasil, a indústria é um setor que também vem se mostrando protagonista na promoção de soluções para a descarbonização da economia no país.
Para Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a indústria brasileira é essencial para ampliar os investimentos em tecnologias limpas.
Em sua participação na abertura do Brazilian Industry Day em novembro de 2022 durante a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), no Egito, ele defendeu a criação de um plano de desenvolvimento sustentável para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e estimular o crescimento econômico do país.
“É necessário que o plano promova as fontes renováveis e a eficiência no uso da energia. Isso pode trazer vantagens competitivas para as empresas e garantir um lugar de maior destaque para o Brasil no cenário internacional”, disse Andrade.
Em outras palavras, é importante acelerar a transição energética com adoção de fontes renováveis e promover a sustentabilidade na indústria, buscando aliar o crescimento dessas práticas para assegurar a competitividade local e global.
O que é?
A descarbonização corresponde ao processo de redução da emissão de carbono na atmosfera, sobretudo, o Dióxido de Carbono (CO2), cujo Brasil aparece em quarto lugar no ranking de emissões desde 1850.
Incentivar essa prática significa garantir uma economia mais limpa, com neutralidade climática e, consequentemente, maior competitividade de mercado.
Descarbonização na indústria - dados gerais
A matriz energética brasileira é mais renovável do que a mundial, uma vez que o consumo de energia proveniente de fontes renováveis no país é de 48.4%, enquanto que no mundo é de apenas 15% (Dados Empresa de Pesquisa Energética).
As indústrias têm buscado alternativas para fortalecer a economia de baixo carbono e agregar vantagens competitivas. Para isso, estão investindo em ações como o uso do hidrogênio verde como combustível e insumo nas indústrias química, siderúrgica, petroquímica, alumínio e cerâmica.
O processo de transição da energia decorrente de combustíveis fósseis para fontes renováveis é outro ponto que já vem sendo implementado para avançar na redução da emissão de carbono.
Impactos sociais e ambientais da descarbonização
De acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), a indústria brasileira emitiu 99.964.388 toneladas de CO2 em 2020.
Dados como esse evidenciam a importância da descarbonização, processo que pode reduzir significativamente a emissão de CO2 e os efeitos das mudanças climáticas.
Afinal, os combustíveis fósseis, até então a principal fonte de energia nas indústrias, contribuem para intensificar o efeito estufa e aquecimento global, segundo dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Ao adotar medidas como a substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis de energia, é possível reduzir ou eliminar a emissão de CO2 e com isso evitar a poluição e alteração no equilíbrio térmico do planeta, assim como revitalizar zonas degradadas pelo clima.
Do ponto de vista social, a descarbonização também melhora a qualidade do ar para a população que vive nas adjacências dos grandes centros industriais e reduz gastos com energia a longo prazo.
Sustentabilidade em pauta
Mais do que essencial, esse tema está cada vez mais presente na tomada de decisão das empresas.
Segundo o levantamento do Bank of America, quase 90% dos investidores consultados disseram que já utilizam critérios do ESG para decisões presentes ou futuras.
Grande parte das empresas brasileiras também já elaboram planos ligados ao ESG. De acordo com pesquisa realizada pela Grant Thornton com 255 empresas, 54% pretendem investir nos próximos 12 meses em projetos ligados à ESG e 39% já estão desenvolvendo um plano estratégico com essa abordagem.
Desafios da descarbonização
No decorrer dos anos, proporcional ao crescimento industrial, houve o aumento da emissão de gases de efeito estufa, como o gás carbônico, por exemplo. E para conseguir manter a alta produtividade sem comprometer os ecossistemas, investir na descarbonização é o melhor caminho.
Embora o Brasil disponha de uma matriz elétrica predominantemente renovável, em que cerca de 84,8% das fontes internas de eletricidade são renováveis, algumas indústrias necessitam de combustíveis fósseis em seus processos. É o caso, por exemplo, das siderúrgicas, cimenteiras e de fertilizantes.
A dificuldade de muitas empresas para compreender os impactos materiais que essa mudança de comportamento pode gerar em suas operações e mercados nos próximos anos também é uma barreira para torná-las neutras em carbono.
Adotar estratégias para implementar a descarbonização em larga escala é importante, por exemplo, transformar o modelo de produção das indústrias por meio do investimento de tecnologias limpas.
Somado a isso, é preciso adotar programas e estratégias pautados em pilares como transição energética, economia circular, mercado de carbono e conservação florestal.
Esses, em conjunto com outras propostas, podem ajudar a remodelar o mercado e reduzir os impactos ambientais decorrentes dos processos industriais.
Principais tecnologias de descarbonização
Já existem tecnologias cuja implementação volta-se para redução da emissão de carbono na indústria de base. Com isso, é possível vislumbrar os caminhos que irão conduzir as empresas a bater a meta de carbono neutro até 2050.
Podemos citar, por exemplo, as unidades de eletrólise para produção de hidrogênio verde na indústria de aço, que utiliza tecnologias combinadas para produção de matéria prima como aço sem a necessidade do carvão.
A substituição de combustível fóssil por biomassa ou outras fontes de eletricidade verde no aquecimento de calcário para produção de cimento é outro exemplo que vem sendo implementada na indústria cimenteira.
Assim como estas existem mais tecnologias que vêm sendo adotadas com foco em ampliar o processo de descarbonização nas indústrias.
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